Nossos pais morreram
no mesmo acidente estúpido:
vimos o sangue,
vimos os corpos.
E você me fez prometer
que jamais
te deixaria
Morávamos
no mesmo
prédio,
no mesmo
andar.
Sua porta era colada
à minha porta e
entrar no seu quarto
e no meu quarto
era igual
mas ao contrário.
O metrô passava a cada
três ou quatro
minutos
a estação era a cozinha
da sua casa,
parecia Oberkampf
mas com menos
azulejos amarelos.
Sua voz ainda era
uma força da natureza
que me alcançava
na sinestesia
dos sonhos.
E dos sonhos
acordei
e nunca mais
escrevi sobre cadernos
folhas
em branco
desertos
palavras escondidas
atrás de
palavras escondidas
Então as coisas passaram
a ser como antes eram:
as coisas
e só as coisas:
pouco importa a ênfase
pouco importa a verdade
o que importa é a vida
(e a vida
não cabe).
4 comentários:
Quando leio "as coisas / e só as coisas: // pouco importa a ênfase" Drummond GRITA na minha cabeça. E minha vontade é gritar que a vida não cabe. Nunca.
Falar que um poema seu é foda é um puta pleonasmo. :)
Esse poema me tira do sério, Laura. Sua LYNDA!
Quer ler esse poema até fazer caber. Que lindo, meu deus!
brigada, gente \o/
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